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Quando chegamos na praia achamos que acabaram-se os problemas...

    Aqui meu amigo Ivan Bezerra de Pernambuco, velejador de Dingue, conta uma de suas experiências, diga-se de passagem, velejando um legítimo Dingue Pomar.

Quando chegamos na praia achamos que acabaram-se os problemas...

Comprei um Dingue, com nome "Bravo" e o levei para minha casa de praia, lá não existe cais e é praia tranqüila ( não é praia aberta) quando está na baixa parece uma lagoa, mas quando está enchendo, é preciso muito cuidado.

 

Para minha precaução, quando vou velejar, observo na Tábua de Maré a hora que a maré máxima e estimo umas 3 horas depois que começou a baixar para colocar o "Bravo" no Mar. Na volta, para retirar o barco do mar, não poderia ser diferente, calculo umas 2 horas depois da maré mínima para retornar do passeio para praia.

 

Durante o Carnaval, ainda com a ansiedade de barco novo, fui velejar com meu irmão e como temos que instruir todo marinheiro novo com ele não seria diferente e uma das instruções era: O barco tem que entrar de proa no mar para cortar a onda e termos o controle dele. Tudo bem.

 

Na terceira vez que estávamos navegando perdi um pouco a hora da volta e o mar já tinha pequenas ondas na beira, senti insegurança e pedi para ele desembarcar e nadar com colete até a  praia e esperar pela bravo. Fiz uma volta maior e fui para praia com “vento de popa”.

 

Quando estava perto da praia retirei a bolina e deixei o leme solto com meia altura. Foi um sucesso, passei pelas pequenas ondas e quando ele tocou na areia, pulei para terra e aterrei o barco, algo que não aconselho, pois a areia, embora fina, tem efeito abrasivo.

 

Desembarquei e desmontei o dingue na areia da praia onde as ondas morriam, falei para meu irmão puxar para o mar enquanto fui buscar a carreta de encalhe.

 

O procedimento: Puxaríamos o barco com a proa em direção ao mar  para entrar e quando na água, giraria o barco ficando com a popa para o mar e a proa virada em direção a areia onde eu entraria de ré com a carreta de encalhe e aprumaria, neste momento ele estaria atrás na popa e empurraria o barco colocando-o em cima da carreta e, finalmente, eu puxaria para fora d"água.

 Veleiro Dingue Pomar - propriedade de Ivan Bezerra - PE

Quando me virei para pegar a carreta de encalhe, meu irmão para facilitar seu trabalho, puxou o "Bravo" pela popa em direção ao mar. Quando olhei ele já se encontrava com as ondas no joelho e puxando o barco. Naquele momento senti que algo não estava legal e não foi daquele jeito que o havia instruído e feito outras vezes...

 

Mas, mesmo na altura do joelho, veio uma onda, e como imaginei, ela bateu no espelho da popa com o  dingue vazio e ele não consegui segurar o barco e soltou, a pequena onda gerou uma força empurrando a popa mais rápido que a proa fazendo com o que o barco ficasse de lado com a onda...

 

Observei o barco virando rápido e imaginei que a água amaciaria o estouro, que nada, foi no momento que a primeira onda estava voltando e a segunda( a que o virou) estava indo por cima. Pessoal, imaginem que quando ele virou não tinha desaparecido a água e deu aquela pancada violenta na areia, ficando com o casco de cabeça para baixo.

 

Meu Deus, até hoje eu agradeço não ter nenhuma criança ou até mesmo adulto dentro da área que o barco pudesse atingir quando virou, seus 85 kilos somados com o vento,  com certeza quebraria uma perna..foi uma pancada muito violenta.

 

Finalizando, meu irmão não deu uma palavra e eu pela primeira vez senti o coração no chão. Meu sobrinho apareceu correndo para ajudar a desvirar o barco.  Levantamos e quando o barco ficou de lado na areia, meu sobrinho estava do lado que o barco iria rolar e ficar na posição normal, segurando como todo mundo. Soltei o barco para ir para o lado de meu sobrinho ajudá-lo a desvirar devagarzinho e para minha surpresa ela soltou o seu lado e se afastou para não ser atingido pelo barco e ...  "bumm!"  o barco violentamente na areia...

 

Acho que tive dois pré-enfartes...

 

O “Bravo” ,de Fabricação POMAR, não sofreu nenhuma avaria.

 

Meu aprendizado:

 

1 - Quando estiver tirando/colocando o barco na água, peça para as pessoas se afastarem, é bastante prudente...

2 - Se um dia tiver que sair do mar com vento de popa, avise a quem desembarcar ou combine com quem estiver na areia a pedir para as pessoas saírem da área aonde o barco se direciona, não temos quase nenhum controle.

3 - Evite navegar em praias com quantidades de pessoas que você tenha que fazer manobras...

4-  O que fazer se perder a hora de sair: Sacudir âncora, desmontar o máximo possível e ir dando corda para o mar até chegar em uma altura que der pé, e se as ondas não permitirem, ancorar e deixar a maré virar ...

 

Ivan Bezerra / PE

       
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