Comprei um Dingue, com nome "Bravo" e o
levei para minha casa de praia, lá não
existe cais e é praia tranqüila ( não é
praia aberta) quando está na baixa parece
uma lagoa, mas quando está enchendo, é
preciso muito cuidado.
Para minha precaução, quando vou velejar,
observo na Tábua de Maré a hora que a maré
máxima e estimo umas 3 horas depois que
começou a baixar para colocar o "Bravo" no
Mar. Na volta, para retirar o barco do mar,
não poderia ser diferente, calculo umas 2
horas depois da maré mínima para retornar do
passeio para praia.
Durante o Carnaval, ainda com a ansiedade de
barco novo, fui velejar com meu irmão e como
temos que instruir todo marinheiro novo com
ele não seria diferente e uma das instruções
era: O barco tem que entrar de proa no mar
para cortar a onda e termos o controle dele.
Tudo bem.
Na terceira vez que estávamos navegando
perdi um pouco a hora da volta e o mar já
tinha pequenas ondas na beira, senti
insegurança e pedi para ele desembarcar e
nadar com colete até a praia e esperar pela
bravo. Fiz uma volta maior e fui para praia
com “vento de popa”.
Quando estava perto da praia retirei a
bolina e deixei o leme solto com meia
altura. Foi um sucesso, passei pelas
pequenas ondas e quando ele tocou na areia,
pulei para terra e aterrei o barco, algo que
não aconselho, pois a areia, embora fina,
tem efeito abrasivo.
Desembarquei e desmontei o dingue na areia
da praia onde as ondas morriam, falei para
meu irmão puxar para o mar enquanto fui
buscar a carreta de encalhe.
O procedimento: Puxaríamos o barco com a
proa em direção ao mar para entrar e quando
na água, giraria o barco ficando com a popa
para o mar e a proa virada em direção a
areia onde eu entraria de ré com a carreta
de encalhe e aprumaria, neste momento ele
estaria atrás na popa e empurraria o barco
colocando-o em cima da carreta e,
finalmente, eu puxaria para fora d"água.

Quando me virei para pegar a carreta de
encalhe, meu irmão para facilitar seu
trabalho, puxou o "Bravo" pela popa em
direção ao mar. Quando olhei ele já se
encontrava com as ondas no joelho e puxando
o barco. Naquele momento senti que algo não
estava legal e não foi daquele jeito que o
havia instruído e feito outras vezes...
Mas, mesmo na altura do joelho, veio uma
onda, e como imaginei, ela bateu no espelho
da popa com o dingue vazio e ele não
consegui segurar o barco e soltou, a pequena
onda gerou uma força empurrando a popa mais
rápido que a proa fazendo com o que o barco
ficasse de lado com a onda...
Observei o barco virando rápido e imaginei
que a água amaciaria o estouro, que nada,
foi no momento que a primeira onda estava
voltando e a segunda( a que o virou) estava
indo por cima. Pessoal, imaginem que quando
ele virou não tinha desaparecido a água e
deu aquela pancada violenta na areia,
ficando com o casco de cabeça para baixo.
Meu Deus, até hoje eu agradeço não ter
nenhuma criança ou até mesmo adulto dentro
da área que o barco pudesse atingir quando
virou, seus 85 kilos somados com o vento,
com certeza quebraria uma perna..foi uma
pancada muito violenta.
Finalizando, meu irmão não deu uma palavra e
eu pela primeira vez senti o coração no
chão. Meu sobrinho apareceu correndo para
ajudar a desvirar o barco. Levantamos e
quando o barco ficou de lado na areia, meu
sobrinho estava do lado que o barco iria
rolar e ficar na posição normal, segurando
como todo mundo. Soltei o barco para ir para
o lado de meu sobrinho ajudá-lo a desvirar
devagarzinho e para minha surpresa ela
soltou o seu lado e se afastou para não ser
atingido pelo barco e ... "bumm!" o barco
violentamente na areia...
Acho que tive dois pré-enfartes...
O “Bravo” ,de Fabricação POMAR, não sofreu
nenhuma avaria.
Meu aprendizado:
1 - Quando estiver tirando/colocando o barco
na água, peça para as pessoas se afastarem,
é bastante prudente...
2 - Se um dia tiver que sair do mar com
vento de popa, avise a quem desembarcar ou
combine com quem estiver na areia a pedir
para as pessoas saírem da área aonde o barco
se direciona, não temos quase nenhum
controle.
3 - Evite navegar em praias com quantidades
de pessoas que você tenha que fazer
manobras...
4- O que fazer se perder a hora de sair:
Sacudir âncora, desmontar o máximo possível
e ir dando corda para o mar até chegar em
uma altura que der pé, e se as ondas não
permitirem, ancorar e deixar a maré virar
...
Ivan Bezerra / PE |